O professor salienta que os dados mais confiáveis para analisar a o potencial de contágio da doença são os de números de óbito, pela inexistência de dados confiáveis sobre número de casos. “Nós não temos o número de casos desta doença. O que se divulga é o número de testes positivos. Mas estamos testando apenas os casos suspeitos graves. Para não deixarmos o cálculo vulnerável a essa subnotificação e a uma eventual mudança na política de testes, com a chegada dos testes rápidos, por exemplo, estamos mais concentrados no número de óbitos, mesmo tendo um problema que queremos seguir tendo, que é o de ter dificuldade para regionalizar o cálculo onde os números ainda são baixos”, explica. 58i6h

O estatístico conta que o Rt do Paraná é calculado a partir dos dados oficiais de óbitos, projetando valores conhecidos da literatura ou do histórico recente de outros países, como a o Rt inicial do vírus (potencial de contaminação em uma situação normal, sem medidas de prevenção ou distanciamento), o período médio que um paciente leva entre contrair o vírus e chegar ao óbito, o período que ele está em estágio de transmissor da doença e o tempo geracional, que é o número de dias em que uma pessoa que teve contato com alguém infectado pode levar para desenvolver a doença.

Médico infectologista que também trabalha no projeto, Bernardo Montesanti Machado de Almeida lembra que o R0 do coronavírus é 2,5. “O que significa que, sem medidas de prevenção, um contaminado tende a infectar mais de duas pessoas. O R0 do vírus influenza A H1N1pdm, que causou a pandemia de 2009 era de 1,7, por exemplo. Apesar de, aparentemente, ser pouca diferença, quando se coloca em uma perspectiva de várias gerações de transmissões, a diferença torna-se muito grande, devido ao caráter exponencial da curva”.

A médica intensivista Mirella Oliveira explicou, em entrevista ao podcast Pequeno Expediente, da Gazeta do Povo, que é a análise desta taxa de contaminação que embasa as decisões das autoridades de saúde de afrouxar ou apertar as medidas de isolamento social. “Quando essa taxa baixa, pode-se liberar um pouco mais a circulação de pessoas, quando sobe, precisa restringir mais. É natural, assim será nos próximos meses”, diz, “O relaxamento, no Paraná ocorreu antes da taxa estar abaixo de 1,0, então, há chances de aumento de casos nas próximas semanas”, comenta.

Paulo Ribeiro Junior lembra que entre uma pessoa ter contato com alguém contaminado, e manifestar os primeiros sintomas da doença, pode levar alguns dias, para a situação dela se agravar a ponto de fazer um teste, mais alguns dias, para sair o resultado do teste, mais 48 horas. “Assim, a liberação de circulação ou a restrição maior, não se reflete imediatamente, mas até duas semanas depois. Então, muito mais do que um número preciso, esse monitoramento da taxa de reprodução do vírus serve para se identificar tendências de crescimento ou queda para embasar decisões. É atenção constante a vários indicadores que vai nos ajudar a ar por essa pandemia”, conclui.

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