O que mais me chamou a atenção foi como ela reduziu a posição dos críticos das cotas raciais. Segundo ela, “em 2003, um dos principais argumentos de quem combatia as ações afirmativas era que estudantes negros não conseguiriam acompanhar os cursos. Isso não aconteceu. Estudantes cotistas de universidades federais têm desempenho melhor ou similar ao dos demais estudantes”. Dizer que um dos principais argumentos de quem combatia as cotas era “que estudantes negros não conseguiram acompanhar os cursos” é, no mínimo, desonesto. 3w1465
Este tipo de simplificação tem um único objetivo: transformar qualquer crítica às cotas raciais em uma caricatura, retratando o crítico como um indivíduo racista e preconceituoso. Essa abordagem desvia a atenção de discussões mais sérias sobre os méritos e desafios das ações afirmativas, incluindo questões sobre a melhor forma de alcançar equidade educacional, o impacto das cotas na qualidade do ensino e sua inserção no contexto mais amplo de políticas de inclusão social.
O fato é que as alegações de que as oposições se baseiam unicamente em dúvidas sobre a capacidade acadêmica de estudantes negros desconsideram outros argumentos pertinentes, como aqueles que apresentei na semana ada sobre os fundamentos deontológicos da equidade. Cotas raciais são discriminatórias no princípio. E quem está duvidando da capacidade acadêmica de pretos e partos é quem cria um caminho alternativo, não acadêmico, para eles ingressarem nas universidades.